Saturday, May 19, 2012

Se eu fosse chinês: relativismo cultural total


Há quem acredite na pseudomorfose de uma cultura global, de uma só raça humana, de um só sistema político planetário, de um esperanto ideológico, de um só regime económico, de uma lei universal. São fantasias, perigosas como ingénuas, alimentadas por pessoas que querem elevar um tribalismo específico à ditadura do único ou daqueles que, considerando-se "cidadãos do mundo", começam por não ter pátria alguma. Neste mundo tudo é diferente, tudo é relativo ao grupo social em que se nasceu, à religião herdada, aos paradigmas que se sorveram no biberão e nunca nos abandonam. Convidaram-me para uma sessão que teve lugar na universidade Chulalongkorn, subordinada ao apaixonante tema da perspectiva que os Farang (estrangeiros brancos) têm da Tailândia. Não pude ir, mas recebi ecos de dois amigos que por lá passaram e ouviram as costumeiras ossanas ao bezerro de ouro daquilo que, não funcionando no Ocidente, se quer à viva força impor aos pobres e bárbaros thais. Espanta-me o atrevimento, como me indignaria se um chinês chegasse à Europa para nos exigir o "modelo social chinês". o "modelo económico chinês", o "regime político chinês", a "família chinesa", o culto dos antepassados, o Feung Chui, os chop sticks...

Aquilo que me atrai na Ásia é o absolutamente novo, o inesperado, o diferente. Mas há mentezinhas que não o compreendem. As pulsões totalitárias habitam as mais cândidas almas.