Saturday, May 19, 2012

A eterna credulidade ocidental


A Tunísia já caiu. Entrou em fase revolucionária e, como em todas as revoluções, começa pela fase dos moderados. Os moderados vão ser destruídos pela dinâmica. Falam em paz, em liberdade e harmonia, mas quem fez a revolução não foi nem gente pacífica aspirando à liberdade, nem gente que pretende a harmonia. É uma revolução e quem comanda as revoluções são homens violentos, radicais e defensores de soluções extremas. O mesmo no Egipto. Hoje, patética, a Secretária de Estado Clinton, pedindo ao exército que se "domine" e não recorra à violência. É o melhor presente que se pode dar à rua; inibir as forças da ordem de usarem da violência legal e legítima para evitar a instalação do caos. Assim foi no Irão e o resultado é o que sabemos. O Islamo-nazismo parece estar a um passo de tomar o poder no Egipto, o mais importante dos Estados árabes e os ocidentais pedem...moderação.
Esta é a eterna tentação dos ocidentais: assistirem, sem risco de perder cabedais a uma revoluão longe, bem longe das suas casas aclimatizadas. Há um ano assisti em directo, no terreno, a algo muito parecido na Tailândia. As sirenes estridentes da "boa consciência" ocidental, habitualmente montadas sobre ordenadões, dando lições e aconselhando o governo tailandês a negociar com a rua. Felizmente, o governo tailandês negociou com a última ratio dos Estados e ganhou. Só peço que o governo egípcio não tergiverse e mande avançar, tão cedo quanto possível, com os tanques. Se não o fizer, o centro do terrorismo de Estado mundial sairá de Teerão e passará para o Cairo, a menos de dois mil quilómetros da Europa.
Depois, há uma tendência quase infantil entre os ocidentais. Uma, não, duas. A primeira é a de tomar sempre posição por quem protesta. É a cultura do protestarismo, uma antiqualha do Maio de 68. A segunda, igualmente reflexo condicionado, a tendência para simpatizar com qualquer trapo vermelho. Só que no Egipto, o vermelho quer dizer Irmandade Muçulmana.