Saturday, May 19, 2012

Alegres patetices que se ouvem e repetem


Mouzinho da Silveira, o homem que roubou as liberdades das velhas repúblicas que faziam a Monarquia Portuguesa

O candidato Manuel Alegre atirou hoje para a fogueira das frioleiras da campanha a exaltação da "regionalização". Soa bem, dar ao povo o que é do povo, alargar a participação e a democraticidade, dos mais pequenos actos administrativos às mais profundas decisões que quase roçam os sempre eternos e nunca resolvidos problemas da metafísica. É a velha crença do povo-rei, tão velha como o comunismo que já estava - todinho - em Platão. "Regionalizar" seria, pois, devolver ao povo a soberania roubada pelo Estado. No mesmo registo piegas encontramos muitas das manifestações ditas "tradicionalistas" e orgânicas de uma certa direita que pensa realizável uma involução aos caboucos da vida comunitária de casais, concelhos e "homens bons", sem tratar de explicar como é que se reanimam instituições pela mágica de decretos.

Não tenhamos ilusões. Depois de Mouzinho da Silveira - que destruiu o que de mais democrático havia no Portugal Antigo, ou seja, de mais republicano havia na monarquia portuguesa da Constituição Histórica do Reino - é impossível realizar a "concelhização" (regionalização),pois que todas as estruturas sociais, políticas e espirituais que a mantinham foram impiedosamente calcadas pelo Liberalismo. Morreu, acabou, não volta mais.
Estou mesmo a ver a tal regionalização, sem homens bons mas muitos patos-bravos, muitos filhos, filhas, noras e enteados, muita apropriação das receitas fiscais para bandos e clãs, mais os caciques da política aldeã e da freguesia. Não, a governação deve ser a do menor número, pois só assim se podem averiguar actos de natureza criminosa e apurar responsabilidades. Por mim, nem regiões autónomas devia haver, quanto mais regionalizações. As alegres patetices estão por todo o lado e a regionalização é, sem dúvida, das mais tolas e perigosas.