Saturday, May 19, 2012

Proteger as famílias dos ditadores





A horda de bandidos armados e ladrões [assalariados das petroleiras] que tomou a Líbia de assalto, anda a dar caça indiscriminada a pessoas tidas como afectas à velha situação, que era horrível, certo, mas que colocou a Líbia à cabeça de todas as estatísticas africanas. Depois dos negros, dos milicianos kadafistas e de qualquer pessoa que tenha a desdita de haver sido fotografada num desses comícios verdes que o Coronel organizou, coube a vez aos familiares, amigos dos familiares, servidores dos familiares e amigos dos servidores dos familiares de Kadafi. Dizem as fontes isentas que nada daquilo que se vê na CNN, na BBC, na France24 e outros canais poluídos corresponde à realidade em Trípoli. Estão a ser cometidos crimes terríveis de vingança, as pessoas que desaparecem levadas numa rusga, os corpos com braços atados atrás das costas que apoderecem em baldios, os bairros da classe média invadidos, saqueados, a população que partiu para parte incerta; em suma, maravilhas da libertação. No Ocidente, nem uma palavra. No fundo, é a democracia, a democracia com o dedo no gatilho a matar tudo o que se move.




As novas "autoridades" pedem o regresso da família do ditador. Para quê? A pergunta é ociosa. Se entrassem na Líbia seria condenação à morte certa; aliás, execução, pois não há na Líbia outros tribunais que os sumários. O que dizem os arautos dos "direitos humanos", o que diz o New York Times, as ONG's, as igrejas e igrejinhas, os observatórios e essa brilhante inutilidade chamada União Europeia? Nada. Naão interessa. O importante é fixar o alvo e não o largar, ou seja, o petróleo. O resto não interessa. E assim regressa a Líbia às tâmaras e aos camelos antes dos Talibãs tomarem o poder e o Ocidente voltar a sentir a humilhação húmida, morna, viscosa e escorrente de um escarro na cara !