Paguei nos últimos três meses 18.000 Euros em impostos e trabalho como um galeriano, 15 horas por dia. Pago tudo o que o estado me tributa. Não refilo, não fujo ao fisco, tenho a contabilidade impoluta, não tenho contas em off shores, não devo um cêntimo aos meus empregados. Fiquei ontem siderado ao tomar conhecimento que os senhores ex-presidentes e demais infatigáveis servidores do bem-comum não vão ser beliscados com as medidas draconianas contempladas pelo orçamento de 2012.
Na Suécia, há um limite para as reformas. Por cá, essa gente que nos touxe à miséria, nos matou o passado e fechou o futuro continua a exigir que lhes batamos palmas, lhes paguemos reformas de Cressus e toleremos a ousadia de nos darem lições de moral. Vão-se despir !
Ouvi de um amigo, homem moderadíssimo, médico de profissão com largo palmarés em acções de filantropia - dessas pessoas que dão o que podem e não podem e não cobram uma consulta aos pobres - o seguinte e terrível desabafo: "que venha o Homem, o tal Homem com um só par de sapatos, sem contas, sem lóbis, para limpar as cavalariças".
É evidente que a oligarquia não vai abrir mão das imensas fortunas que acumulou ao longo de décadas. O regime, para exigir o pão, o leite e o frio do inverno que se aproxima, precisa de dar o exemplo. Caso contrário, que se dane.