Interessam-me as chamadas paraliteraturas, pois é no pequeno mundo dos "géneros menores" que está, sem rodeios e sem vã ambição de eternidade, o banal segredo da humanidade. Escrevi há anos, juntamente com Claude Shoop - grande conhecedor de Dumas- e Manuela Rêgo um catálogo da recepção do romance de aventuras em Portugal, que foi pretexto para uma exposição; sem dúvida uma das coisas que maior prazer me deu nesta vida. Alertado por um amigo para a peça que hoje vos proponho, só me ocorre a velha e consabida máxima de Eugenio d'Ors, para quem "tudo o que não é tradição é plágio". Confesso que tinha a vaga intuição da mentira Spielberg. Para quem, como nós, pensa que a boa mentira é o caminho certo para encontrar a verdade, aqui está, sem exercícios de citacionismo, sem engenharias semiológicas, sem teorias da literatura, o verdadeiro "metatexto" de Spielberg, ou seja, o plágio.