Esta é uma página pessoal e intransmissível, um passatempo e não mais que isso. Não foi concebida para atacar pessoas, remoer ódios e invejas, fazer lóbi, insinuar calúnias, pedir empregos, favorecer amigos e familiares, agitar bandeiras de grupos. Aqui não há abaixo-assinados, não se faz coro, não se organizam cruzadas; tudo corre fora das coordenadas da agenda política e das agências de empregos, não é antena da Lusa nem das rádios-Moscovo, não se fazem favores. Acresce que, aqui, não há palavrões, não se fala dos futebóis nem de filosofia - esse estilo literário que não cabe, decididamente, na efemeridade vaporosa da blogação - nem se cultiva a falta de gosto da música do nosso tempo, pelo que Combustões é, absolutamente, uma inutilidade.
Aqui vêm 400 pessoas por dia - nem muito, nem pouco - à procura de um instante, de impressões numa prosa inconstante que raramente releio e corrijo nas imprecisões. Sei quem aqui vem - pois a origem obtenho-a com precisão de fuso horário, local e identidade através de um programa secretíssimo que rastreia ao milímetro - mas raramente me incomoda quem, porquê, quanto tempo e quantas vezes lê, relê e deixa uma mensagem. Há quem invente duas, três ou quatro identidades para deixar um recado, um amuo, um insulto. O maior desconsolo dos anónimos reside, precisamente, no facto de se esconderem e de, em vinte anónimos desabafos, apenas um ser publicado em anexo. Aqui faço censura.
Ontem foi uma polvorosa. Combustões foi lido por 54 (cinquenta e quatro) senhores deputados da "Casa da Democracia", assim como dezoito comentários a despejar iras. Não passou um só no crivo de elegância, português e nível argumentativo. Foram todos chumbados e chumbados seriam em qualquer exame liceal. Se os 54 senhores deputados quiserem umas aulas gratuitas de redacção, concisão e estilo, sejam bem vindos.