
"[Frei Tomás de Florença] fazia gemer a seu corpo debaixo do açoite das penalidades, tratando-o como a escravo rebelde, sem dar-lhe tréguas nem esperança delas. Seus cilícios faziam espanto à vista pela espereza; suas disciplinas atemorizavam o ouvido pelo rigoroso dos golpes; cobria sua nudez uma só túnica, fabricada de remendos sem arte que fomentava mais o desprezo que o calor. (...) Seu jejum se continuava sem interrupção por todo o ano, não sendo sua ordinária refeição senão pão e água em escassa quantidade. (...) Passavam-se muitos dias sem tomar refeição alguma, sustentando-se só, ou das doçuras da contemplação divina, ou do pão das suas lágrimas. O sono - que tomava sempre na terra nua - era tão breve que quase não o era".
Frei Apolinário da Conceião, Pequenos na terra, grandes no Céu (...), Lisboa, Officina da Musixa, MDCCXXXII, p.165