Saturday, May 19, 2012

Marimbo-me para o "perigo amarelo"


Andam danados com o negócio com os chineses. Quem ? Quem esperava poder lucrar com o "negócio alemão" ? Quem não sabe que a Alemanha, dona do negócio, está a 2000 km de distância e nos trata como os "pretos da Europa", quando os chineses estão a 15000 km e têm por hábito não alimentar camarilhas coloniais ? O furor vem precisamente daí. Os alemães precisam de mainatos e colaboracionistas para fazer o que realmente interessa à estratégia de Berlim. Anda por aí tanto mufana a fazer trabalhos de cozinha para os alemães, tanto Quisling e tanto vassalo dos novos Reich Protektors. Nós sabemos como chegámos a este nadir de respeitabilidade, a este grau zero da soberania, mas para eles tanto importa.

Para além da manifesta má-fé das nossas elites ditas bem-pensantes, há um quase-estupor por se haver resolvido para sempre esse escandaloso monumento ao  empreguismo de amigos, familiares e protegidos que foi a EDP. Quem me dera - para mal do interminável cortejo de patetas que nem para arrumadores de cinema serviriam - que a receita se aplicasse à PT, à Caixa Geral, ao Metropolitano de Lisboa, à TAP, à Carris, à Estradas de Portugal, à EPUL, à Docapesca, à ANA, à CP.

Não há perigo amarelo coisa alguma.Há, sim, um claro perigo alemão e um perigo europeu que foi crescendo na proporção da inépcia de quase quarenta anos de governos irresponsáveis que alienaram e nos deixaram na miserável situação em que nos encontramos. O perigo amarelo é um mito, um mito distante, um topos de literatice oitocentesca. O verdadeiro perigo está cá dentro, come-nos por dentro, vende-nos hora-a-hora, enriqueceu e transformou a sociedade portuguesa numa caricatura de futebóis, negociatas ordinárias, favores, socialites de gente vinda do nada - quem nem à mesa sabe comer - que nos empobreceu e agora, incapaz de resolver os problemas que adubou, se quer converter à viva força na elite provincial e marginal de um império sem cérebro entregue ao arbítrio de merceeiros.

Por que raio me meto em questões destas ? Eu nunca vivi de expedientes, a política não me interessa. Vejo que andam por aí os habituais sabichões das psicologias colectivas e das antropologias a escrever pérolas sobre a venalidade dos chineses, a ganância dos amarelos, o cinismo dos mongólicos, a dissimulação dos amarelos. Estranho, pois, ao longo da vida, as pessoas mais correctas, afáveis, amigas, leais e trabalhadoras que conheci eram amarelas. Aprende-se todos os dias !