Kathleen Ferrier (1912-1952). Estranho a ingratidão e a amnésia dos melómanos, tão poucos os que a evocam neste ano do seu centenário. Felizmente, os seus mais devotados seguidores encontram-se entre a gente comum. Isso tem uma explicação. Tal como Mario Lanza, Tito Schipa e a grande Erna Sack, Kathleen foi um prodígio da natureza, caso raro de ascensão pelo mérito, de telefonista aos mais disputados palcos da fama. Alma aristocrática em tempo de raleficação e demissão do gosto, daquelas que elevam, foi, à sua maneira, um dique perante a imparável canalhização.