
Quando parece fecharem-se todas as portas do futuro, as pessoas voltam-se para o passado. Hoje, o taxista que me levava a casa ouvia uma cançoneta do Calvário. Um silêncio compenetrado, pesado e pesaroso. O homem teria uns sessenta e tal anos e parecia tenso ao ouvir a música que a rádio debitava. Por fim, encheu-se de coragem, voltou-se para trás e disse: "olhe, faz hoje quarenta anos que embarquei para a guerra. Estive lá durante três anos. Serviu para alguma coisa ? Foi para isto que me fizeram nascer, para assistir ao fim do meu Portugal ?"
Para Cantar Portugal