
É-me absolutamente indiferente quem ganha ou quem perde um jogo de futebol, pois só há pouco, entrado nos anos, me dei conta da total ignorância a respeito desse mundo e da sua difícil ciência. É uma fé, uma "mística" como dizem os aficionados do culto do esférico, pelo que não se discute. Não quero cometer a impertinência de zurzir nas ficções dirigentes de quem passa uma semana afogado no vazio existencial para, ao domingo, ir comungar ao estádio, mas parece-me que se levou longe demais a ditadura da bola, tão sem-respeito por quantos dele não partilham que quase se transformou num despotismo. Ontem, já não bastava o lodaçal da roncante e provinciana courela política em que o regime se precipitou, houve tareia da grossa lá por Alvalade. Todos aqueles insultos, ameaças de morte, murros e garrafas parecem-me tão estranhos como os impetos que fazem xiítas e sunitas martelarem-se até à morte, tão estranhos como as lutas entre adeptos de carros que ensanguentaram Constantinopla no tempo de Justiniano e Teodora. Sou um ignorante e essas "fezes" (plural de fé para o Dr. Soares) deixam-me surpreso. Enfim, os futebóis é kinducam !